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COP27: Lula agradece a movimento sociais e organizações da sociedade civil pela “resiliência, resistência e competência”

Em encontro de boas-vindas, realizado na COP27 e organizado pelo Brazil Climate Hub, o presidente eleito, acompanhado de Janja e de Fernando Haddad, ouviu relatos e falas de representantes de movimentos sociais e de ONGs, reiterou o compromisso com o diálogo e convocou a todos para ajudar a reconstruir o Brasil.

Por Daniela Vianna, ClimaInfo

Luiz Inácio Lula da Silva participou, na manhã desta quinta-feira (17), na Conferência do Clima do Egito (COP27), de um encontro com representantes de movimento sociais – juventudes, negros, indígenas, quilombolas e de gênero – e organizações da sociedade civil. No evento, ouviu relatos sobre os “tempos nefastos”, como ele mesmo nominou, ao qual foram submetidos nos quatro anos do governo Bolsonaro. Também recebeu documentos com proposições concretas para os próximos anos. “Será uma tarefa imensa, e quero que vocês nos ajudem a reconstruir esse país”, disse ele, reforçando que essa será uma missão não apenas para um governo, mas para uma sociedade. 

Lula comprometeu-se ao diálogo, à retomada das conferências nacionais para apoio na construção de políticas públicas e voltou a dizer que não adianta só pensar em responsabilidade fiscal, mas em responsabilidade social. Também reiterou as falas do discurso realizado na COP27, no dia anterior (16), e exaltou o papel das organizações em cobrar dos governos por ações mais efetivas nas áreas ambiental, social e climática. Disse que é preciso aceitar críticas e cobranças com humildade, “porque nos alertam que temos algo a fazer”. Admitiu, no entanto, que não será tarefa fácil. 

“A gente andou para trás. Pegamos o país pior do que em 2003 (início do primeiro mandato), e com tentativa de desmonte e descrédito das organizações. (…) Não houve nenhum encontro com a sociedade civil para discutir os problemas brasileiros, mas ele (Bolsonaro) ofendeu a todos e desmoralizou. Nossa tarefa é tentar recuperar. Não vejo o Brasil dar certo sem a presença da sociedade civil”, afirmou.

Cíntya Feitosa, assessora de Relações Internacionais do Instituto Clima e Sociedade (iCS), contou a Lula que o Brazil Climate Action Hub foi criado para suprir uma lacuna deixada pelo governo Bolsonaro nas Conferências do Clima de Madri (COP25), Glasgow (COP26) e do Egito (COP27). Ela brincou, dizendo que deixará “uma salinha” para o governo na próxima COP, e depois falou da esperança de que sociedade brasileira e governo possam estar juntos novamente nas futuras Conferências do Clima, como já ocorria historicamente antes de 2019. Lula confirmou que, nas próximas COPs, isso será uma realidade, e que o país não terá mais duas delegações, apenas uma “do nosso querido Brasil”.

Em sua fala, Marcio Astrini, secretário-executivo do Observatório do Clima, disse que, nos últimos quatro anos, as organizações da sociedade civil esperaram por uma autoridade brasileira que fosse à Conferência do Clima e fizesse um “discurso do tamanho do Brasil”, mostrando a importância do país para a agenda climática. “O senhor fez isso no seu discurso de ontem”, elogiou. “Falou direto ao ponto, falou dos problemas, sem medo, cobrou responsabilidade de outros países ao redor do mundo.” Astrini disse que, ao ser questionado sobre se a fala do presidente eleito na COP27 será traduzida em realidade, disse estar confiante. “Tenho muita confiança, porque o país vai ser unido novamente, porque o nosso país tem todas as oportunidades e a capacidade de reconstruir a agenda ambiental (…), tem a Amazônia e tem, na Presidência da República, uma pessoa que sabe o que é a dor e o sofrimento ao ter de fugir de uma seca”. Citou as 83 milhões de pessoas que tiveram de migrar no Paquistão em decorrência das inundações, como refugiados climáticos. 

Sobre as mortes incrementais, que Lula mencionou em seu discurso com base em dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), Astrini pontuou: “a gente sabe quem vai morrer (em decorrência dos eventos extremos), a gente sabe quem vai perder o pouco que tem”, como ocorreu nas chuvas que atingiram Petrópolis (RJ) o norte de Minas Gerais e o sul da Bahia. Finalizou dizendo que a agenda do clima é indissociável ao combate às desigualdades.

Lula também ouviu os relatos fortes de Thuane Nascimento, do Perifa Connection; Douglas Belchior, da Uneafro e da Coalizão Negra por Direitos; Adalberto Val, cientista da Amazônia;  Puyr Tembé, da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (APIB); e Bárbara Gomes, Engajamundo, representando os movimentos das juventudes.

“Quero agradecer a cada um de vocês (…), de coração à resiliência, à resistência e à competência em resistir a esse mundo nefasto que nos impuseram. (…) Quero agradecer ao sacrifício que fizeram. (…) Eu tenho orgulho de vocês”, afirmou o presidente eleito, dizendo que, depois de tudo que passou, estar representando o país de novo na ONU se deve à coragem da sociedade brasileira, “de trazer de volta a democracia”.

A íntegra do evento está disponível neste link.

Crédito da foto: Ricardo Stuckert

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